segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011


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Suíça comemora Ano Internacional da Química

Para o Ano da Química, os Correios lançaram um selo com a molécula de vitamina C, sintetizada pela primeira vez em 1933 pelo suíço Tadeus Reichstein.
Legenda: Para o Ano da Química, os Correios lançaram um selo com a molécula de vitamina C, sintetizada pela primeira vez em 1933 pelo suíço Tadeus Reichstein. (Swiss Post)




Por Thomas Stephens, swissinfo.ch

Na cerimônia de abertura das comemorações do Ano Internacional da Química na Suíça, swissinfo.ch reuniu um Prêmio Nobel, um secretário de Estado e uma pesquisadora científica para falar do amor pela disciplina e sua importância.

Uma gostosa brincadeira que, para o suíço Richard Ernst, Prêmio Nobel de Química em 1991, começou quando criança com uma velha caixa encontrada no sótão da casa dos pais.

"São as surpresas. Experimentar novas surpresas, foi o que me levou ao encontro da química. Um dia eu descobri no sótão uma caixa cheia de produtos químicos que havia pertencido a um tio, falecido em 1922. E comecei a brincar com ela", diz Richard Ernst.

O suíço, premiado com o Nobel da química em 1991, estabeleceu com sua obra as bases do scanner de ressonância magnética nuclear, entre muitas outras aplicações. Ele se lembra de como o ato de produzir algo que não compreendia o estimulava a encontrar as razões, incitando ainda mais seu interesse pela química.

"Eu queria saber tudo sobre o que acontecia, por que eu conseguia sobreviver às minhas experiências sem explodir minha casa", brinca o espirituoso químico de 77 anos que vê nisso a melhor maneira de atrair os jovens para a ciência.

"Vamos experimentar! Às vezes as pessoas dizem que a química é muito perigosa, que não se deve fazer isso ou aquilo com as crianças, mas não é verdade. Há algumas regras a serem seguidas, mas fora isso podemos fazer muitas experiências. E muitas vezes experimentamos, com a química, a alegria da descoberta", defende Richard Ernst.

A ciência na Suíça recebe bastante apoio do governo? O químico acha o clima "muito positivo, tanto no setor público como no cenário político".

"Nossas universidades são relativamente bem favorecidas. Na Suíça, a ligação entre ciência e indústria é muito estreita. É claro que o país só tem a ganhar investindo na ciência. É tão óbvio que até mesmo os políticos entendem isso!", diz, com uma pitada de ironia.

Sem Fronteiras

Secretário de Estado da Educação e Pesquisa, Mauro Dell'Ambrogio também está convencido da importância desse elo entre a indústria e o mundo acadêmico. "Esta é uma chave não só para atrair, mas também manter conosco as pessoas que têm talento", disse.

Isso explicaria o recorde mundial de "densidade Nobel", que a Suíça pode se orgulhar: 24 ganhadores do Prêmio Nobel, seis em química. Nenhum país se compara à Suíça, dada a dimensão da sua população.

"Eu não acho que os suíços sejam mais inteligentes que a média, continua Dell'Ambrogio. Mas a Suíça sempre foi aberta a talentos estrangeiros. Em meados do século XIX, quando foi fundada a Escola Politécnica de Zurique, dos 18 professores, 16 eram estrangeiros. Hoje, mais de 40% dos professores universitários não têm o passaporte suíço. Eu acho que é mais ou menos único, e talvez seja a chave desse sucesso".

O secretário de Estado admite, no entanto, que para manter este nível de classe mundial é preciso aceitar alguns desafios. Assim, continua sendo difícil convencer as moças a se lançar nos estudos científicos, e já começa a faltar professores de ciências. Nesse caso, uma solução possível seria pagar mais aos professores de ciências do que aos de letras.

"Precisamos abrir o debate sobre a questão. No setor privado geralmente é assim que acontece: quando faltam pessoas qualificadas, o mercado reage aumentando o salário. Eu me pergunto por que o mesmo princípio não seria aceitável na administração pública", questiona Mauro Dell'Ambrogio.
 
Química feminina

Helma Wennemers, professora de química da Universidade de Basileia, tem paixão em transmitir o mundo da química aos jovens. Ela também é uma exceção à regra de que poucas mulheres conseguem ter sucesso na área científica.

"Para ser honesta, não foram os professores da minha escola que me passaram o entusiasmo pela química. Decidi estudar química alimentar porque queria fazer algo para aumentar o valor dos alimentos. Felizmente, isso significava que tinha que estudar principalmente química - e nunca me arrependi dessa escolha", conta.

Aos 41 anos, Helma Wennemers admite que os químicos mulheres ainda são minoria. Apesar de um terço dos estudantes que ingressam no curso de química serem do sexo feminino, a percentagem diminui à medida que se evolui na carreira, seja na indústria ou no meio acadêmico.

"Talvez devêssemos criar mais oportunidades para conciliar a vida profissional com a familiar. Quando vejo os projetos que desenvolvemos para os pequenos, percebo que ainda é ensinado às crianças que a ciência é para os meninos e as letras para as meninas”, disse.

"É claro que vamos tentar mudar essa situação, estimulando o interesse das meninas pela química nos eventos que serão organizados durante o Ano da Química”, conclui a cientista.
 

Thomas Stephens, swissinfo.ch
Adaptação: Fernando Hirschy


 
 

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